"Vou andando como sou e vou sendo como posso..."

domingo, 22 de novembro de 2009

O Fantasma da Opera

Numa fantasia, numa ingenuidade perante a vida, nos deixamos seduzir por monstros que nos inebriam... A sua especialidade nos encanta e o recortamos do contexto social. Ele passa a ser só aquele fragmento, aquilo é o seu todo aos nossos olhos. A beleza do diferente, do exótico, do completamente novo... Até que percebemos que o pedaço tem extensão e não é exatamente o que deveria ser para que eu continuasse sonhando. E agora? Como se libertar desse emaranhado? Será que eu QUERO me libertar? Eu preciso, senão vou sucumbir à loucura. Então reúno as forças, não sei quais para conseguir.

Quando nossos monstros nos permitem partir ou nos decidimos partir é que a tal voz da razão bateu à nossa porta e crescemos. Aquele monstro que nos destrói e que amamos ficou pra trás, mas ele não desiste de todo. Até respeita a nossa decisão, mas esta sempre à espera que um dia voltemos atrás.

Cristine partiu num pequeno barco com seu escolhido e deixou o fantasma de seus sonhos mergulhado em lagrimas. Não sem antes devolver à ele o que poderia ser o símbolo de sua união. Devolver o anel ou a aliança neste momento é mais do que um gesto banal, novelístico de desprezo, é poder assumir a escolha. É dizer sem palavras o grito de liberdade. E aqui mais que grito vem a delicadeza da personagem, que apenas diz. Por isso falo na maturidade. A maturidade me seduz a cada passo. Perdoar, compreender, respirar. Saber que as coisas têm ou tiveram o seu momento e que podemos ser diretores dos nossos filmes diários e escolhermos o caminho e o tempo de duração deles.



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