"Vou andando como sou e vou sendo como posso..."

sábado, 30 de maio de 2009

A vida não tem ensaios...

Fiquei apaixonada pela leitura de "A poesia do Encontro" de Elisa Lucinda e Rubem Alves. A leitura é gostosa, rapida. Você entra na conversa e consegue visualizar o movomento de cada um. Elisa daquele jeito que não para quieta e Rubem com movimentos pequenos e bem secionados, um olhar contemplativo e a cabeça fervilhando... O Dvd comprova exatamente isso!

Acontece comigo um fenômeno com obras de arte que deve acontecer com outras pessoas. Simplesmente o efeito fica em mim, se transfere para o meu dia-a-dia, se mistura com quem eu era até ali e me modifica. Sempre foi assim... Me lembro das transformações adolescentes depois de ler todos os livros de Richard Bach, os que consegui ler de Roberto Freire (no tempo em que eu acreditava no amor libertário - mas sobre isso, um dia, quem sabe, escrevo um post), depois de uma crônica de Artur da Távola sobre "ser" e "estar" (essa mexeu!), de assistir Sociedade dos Poetas Mortos, Ray Charles, O declínio do império americano e Invasões Bárbaras, Frieda Cahlo, Callas Forever, Piaf (adoro biografias) e tantos discos, musicas, peças (Cuida bem de mim, A alma boa de Setsuan), livros...

Mas voltando ao livro, em uma de suas passagens, quando Elisa relata a historia de uma professora do interior de Pernambuco que recitou Adélia Prado para um auditório de 800 pessoas, lembrou-me a experiência que tive, quando participei do Projeto Salvador (uma parceria da Faculdade de Educação da UFBA e a Prefeitura Municipal) como professora da Oficina Voz e Dicção. As alunas eram professoras da rede e estavam em busca de sua formação universitária. Depois da aula, sempre uma delas vinha conversar e compartilhar sensações que não podiam expor ao grupo.
Num desses dias, uma me acompanhou até outro prédio da universidade, relatando o impacto daquela oficina na sua vida pessoal. Disse que nunca tinha olhado pra si, até então. Tinha mais de trinta anos, saiu da casa do pai para o casamento e logo para a maternidade. Mãe de três filhos, dona-de-casa, esposa, estudante, professora e atuante na igreja, ali se enxergava pela primeira vez. Fechou os olhos, pensou em sua respiração, seu corpo, seu comportamento e chorou. Não conseguiu se colocar na avaliação de tão emocionada, apesar de super discreta.

Aquelas mulheres carregavam uma carga muito pesada sobre os ombros (péssimas condições de trabalho, jornadas exaustivas tanto no trabalho como em casa, muitas travas, tabus, medos e apesar da consciência de que por serem profissionais da voz, precisavam de cuidados específicos diários, não faziam nada neste sentido). Percebi que pra chegar à voz, precisaria acordar outros sentidos. Audição, tato, visão. Poesia, corpo, foco, o outro, musica. A essência da profissão. O motivo e a importância de ser educadora. Sei o quanto isso mexeu com todas elas. Mexia comigo também!
Sei que pude plantar em cada uma o cuidado com o corpo, com a respiração, a necessidade de agua que o nosso organismo tem, a atenção com os recursos à volta: se o quadro for de giz, enquanto estiver escrevendo não fale, para não engolir aquela poeira que resseca a garganta e traz danos profundos à saude, visitem um otorrino, façam exames regulares, etc. Por algum tempo sei que funcionou, porque eu cobrava e hoje, como sera que elas estão?

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Elis, Tom, Ary e Zé...

Enquanto preparava o almoço cantarolava uns versos de Folhas Secas, de Nelson Cavaquinho. Então fui atrás da Caixa com 4 CDs de Elis que meu querido Grico me presenteou ha mais de dez anos dizendo que eu precisaria mais dela do que ele. Lindo! Peguei o CD 3 que é o que mais gosto e coloquei na faixa 03. (Um avanço pra mim, que ha tempos, se quisesse ouvir a faixa 15, ouviria o disco inteiro até chegar la - uma questão de respeito às outras canções! Viagem!).
Gosto muito de Elis! A voz, a interpretação, o jeito de d i z e r c a d a p a l a v r a. Fiquei curtindo o CD e refletindo sobre algumas pisadas-na-bola dela, contadas em livros como Furacão Elis e Antonio Carlos Jobim, por exemplo. Com Tom foi à época da gravação de Elis e Tom. Os ânimos não eram dos melhores entre eles, com breves momentos de paz e cordialidade. Num desses, Tom mostrou Na Batucada da Vida, de Ary Barroso. Ela adorou e perguntou se poderia gravá-la, e ele pediu que não, porque quando voltasse ao Brasil gravaria um disco só com musicas de Ary e uma delas com certeza era essa. Combinados éticos de qualquer profissão. Mas não é que ela gravou e esperou passar o lançamento do Elis e Tom para lançá-lo? Tudo bem que cada um com seus motivos, mas...
Me dei conta que esse disco é o que ela canta "Casa no Campo". Pois é, o Zé... O Zé saiu de cena num susto! Deixou um legado artístico. Mas vou te dizer a referência que eu tenho do Zé é da figura engraçada de dentro de casa, o marido da Julia, o cunhado do Silvio, o pai da Biba e do Tuto. Pra mim, foi esse o Zé que partiu e que deixou saudade. Essa família querida do meu coração que fez parte da minha vida, que um dia foi minha também. Chorei, mas o amor une e com a saída de cena do Zé reencontrei na dor essas pessoas, sabemos o quanto esse amor é pleno e atravessa distância e tempo.
A ultima vez que falei com o Zé foi por conta dos direitos autorais de Casa no Campo. Gravamos no CD Sentidos do Ambiente de Mario Ulloa com o CRA (hoje IMA). Demos risada e ele disse: grava logo que os direitos depois vão ser só meus e vão ficar mais caros! Divirta-se onde você estiver! Um beijo.

Que livro vou ler?

Ontem estava me perguntando qual sera meu proximo livro. Em que aventura me debruçarei?

Vim de uma sequência gostosa "O Clube dos Anjos" de Luis Fernando Verissimo (coleção os sete pecados capitais -A Gula), "Dorival Caymmi - O Mar e o Tempo" de Stella Caymmi, "Antonio Carlos Jobim" de Sergio Cabral, "Leite Derramado" de Chico Buarque, "A Poesia do Encontro" de Elisa Lucinda e Rubem Alves. Isso sem falar dos best sellers "Caçador de Pipas", "A Sombra e o Vento", "O Codigo Da Vinci"... (Sem preconceitos, ta? So pq os bichinhos são ricos, não quer dizer que não são bons!)
E é claro que dei minha choradinha em cada um deles. Não precisa ser triste, nem nada, basta a emoção bater e as lagrimas vem... Eu vou fazer o quê? Ter uma boa camisa de flanela ao lado! Hein, Nildão?


Mas voltando aos livros, comprei Assim falou Zaratrustra... Ja havia jurado pra mim que passaria essa vida sem dar ouvidos a Nietzsche, mas quebrei esta promessa quando li A Origem da Tragédia. Sei que agora virão outros dele. Mas, cada um no seu tempo...
Não leio por obrigação, mas por prazer. Ninguém me mandou ler O Retrato de Dorian Gray. Comprei uma edição de bolso num posto de gasolina, por causa da referência feitapor minha amiga Adê, num cartão de aniversario que me mandou. Dom Casmurro? Amo! Alias Leite Derramado me remeteu a Dom Casmurro algumas vezes.

Minha filha mais velha que adora contos e lendas da mitologia, lendo os contos das mil e uma noites me disse que ja tinha lido todos os contos, menos um. Por que? Ah, não gostei! Como assim, não gostou? Então vc leu? Não, não gostei do titulo! Claro que a mãe paranoica bateu e disse, como é que vc faz isso com o livro?!!! Vc não sabia que todos os outros eram bons até lê-los... Ta bom, mãe, então vc lê ele pra mim? Hoje ela foi contar aos colegas um pouco sobre este livro, falando em primeira pessoa (ela era Sherazade)... So não va inventar de fazer teatro, viu?!!!! rsrsrrs Agora estamos lendo Monteiro Lobato. Ela teve resistência no inicio, quando dei a ela de presente. Tava muito Judy Moody, então esperei a tentativa de ser paty passar e agora elas estão doidas pelas loucuras de Emilia, Narizinho e Pedrinho...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Quem nunca tomou massagem nos pés?
Isto sim é um raro prazer...

Estava precisando, e nem sabia, de uma boa massagem

quando me surpreendi com um presente diario

que nunca me chamou tanta atenção como hoje

meu tapete de banho combinou com o chuveiro de juntos me fazerem uma surpresa...

os dois

num belo exemplo de trabalho de equipe

me proporcionaram o mais singelo carinho


meu tapete é felpudo

(como é que ele pode ser felpudo se vive embaixo d'agua?)

e meu chuveiro é assim... suave

derrama sua cachoeira de forma que o apreciador não se assuste

não se irrite, apenas se entregue ao poder balsâmico da agua

e eu inebriada com aquele instante de prazer e devaneio

acordei de repente

vixe, olha o desperdicio!




quarta-feira, 27 de maio de 2009

Meu lap



Meu computador tem teclado francês, foi batizado como Jean Pierre, mas hoje ele ja fala português! So que até hoje não aprendi os atalhos para os acentos agudos! Então, paciência aos que leem!

Responsabilidade Social


Como uma das metas para o ano de 2009, tracei a necessidade de fazer uma MBA em gestão de negócios. Mudança brusca para alguém que se formou em Interpretação Teatral? Nem tanto...


Fui parar no teatro por causa da musica (achei que podia ser cantora!), queria saber pisar num palco e ser senhora dele (minha referência era Maria Bethânia, o que mais eu podia querer?), mas desde sempre fiz produção. Shows, gravações publicitárias, espetáculos, seminários, eventos, campanhas, etc. Aquilo pra mim fazia parte do meu ritmo, mas meu desejo mesmo era cantar! Então fiz o Curso Livre de Teatro da UFBA!!! Me vi no espelho ou melhor numa radiografia. Era corpo, voz, historia do teatro, Nelson Rodrigues, a convivência diária com um grupo tão heterogêneo, uma miscelânea de professores... Enfim, um grande aprendizado. Provei, gostei e quis ir além.

Entrei pra faculdade. Passei em primeiro lugar (isso eu tenho que contar) e fechei a redação (isso eu tenho que contar tb! rsrsrs). Mas a minha vida foi tomando outro rumo e a produção foi falando mais alto. Quando parei pra refletir o que era que me movia, descobri que era fazer as coisas acontecerem! Adoro os dias de montagens, as adequações, a conquista... O palco é uma delicia, mas tem uma dedicação vital diferente, que eu não estava disposta a encarar. E realmente curto vê-lo acontecer!

Mas voltando a Pós, fiz a entrevista para a UNIFACS e o tema da redação: responsabilidade social. Acho que o mundo acordou há pouco para esse paradigma tão presente, por exemplo, na linguagem religiosa milenar. Religiosa, sim! O cuidado, o respeito com o outro, com o meio ambiente, a solidariedade, o suporte educacional, cultural, econômico... Ah, como é que isso não é religião? Ouvi falar dessa tal responsabilidade de outras formas e ela não usava terno e sapatos italianos, mas sandálias de couro e roupas simples.

A falta de responsabilidade praticada pelas indústrias já atinge há muito cidades “insignificantes”. Só que esses lugares são povoados por pessoas. Por principio, essas pessoas não podem ser insignificantes. Cada um tem sua historia de amor, de família, de saudade, de estudo, de medo, de doença, de tudo, de ser. E embora tentem calar sua voz, seus gritos tem ecos...

Não acredito na responsabilidade social demagógica de grandes empresas extrativistas, por exemplo, que para aparecerem com cara de boazinha, responsáveis, fazem uma creche para 43 crianças e acham que estão fazendo um grande papel. Ora, aquela creche não representa nem 0,001% das riquezas extraídas do nosso solo. E ainda vem gente dizer que estão fazendo a parte deles! Tenha paciência! Se ensinamos às crianças que coloquem as coisas no lugar, por que deixamos os adultos à deriva?