"Vou andando como sou e vou sendo como posso..."

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Gosto do Pessoa nas pessoas

Confesso que não sei como se deu meu encontro de amor com a poesia... Procuro no meu passado esse dia especial. Aquele instante de uma troca de olhares que marca a historia iminente. Mas não consigo precisar esse momento. Tenho lembranças de influências especiais. Lembro da Professora Elsa no primeiro ano colegial, dos Professores Fernando Eleodoro e Pimpão, na época do cursinho. Todos declamavam poesia com a verdade das suas palavras mais do que as sonoridades de suas rimas. Somo a isso à convivência com meu poeta Jorge Portugal e toda a minha devoção pelas letras das canções. Convivi também com Antônio Pastori e ouvia as suas belas poesias plenas de suor e entrega. Mais ainda assim, em todos esses momentos eu já delirava ouvindo a palavra.

Vou mais longe e penso se começou com minhas audições ininterruptas de Maria Bethânia e Milton Nascimento por volta dos dez anos. Mais longe, penso nas mesóclises bíblicas e nos textos de Davi e de Salomão com poesias de amores tão profundos que ouvia espaçadamente na minha infância. O fato é que aos cinco anos perdi Vinicius de Moraes e chorei. (Chorei pela sua morte, sem nem sequer saber ler... E levo essa viuvez no meu currículo).
O fato é que esse encontro com a palavra deve ter acontecido antes mesmo de me dar conta que virei gente outra vez. Só que demorei um pouco para passar da condição de ouvinte delirante, para consumidora e leitora publica. Leitora publica? Sei la como dizer que não leio poesia apenas para mim, mas leio para pequenos grupos, em ocasiões especiais. E isso é muito louco, porque não são leituras necessariamente de poesias que estão na manga ou na cartola.

Sou uma leitora de fato de Elisa Lucinda, Fernando Pessoa (alias, onde andara minhas Obras Completas?) e Vinicius de Moraes. E sei que tenho um encontro com Drumond e com Bandeira. O encontro com Bandeira e Ezra Pound será num momento especial. Sinto que com Bandeira vou dizer “Meu Deus, por que demorei tanto pra me entregar a esse cara?”.

Sabado foi aniversario de meu pai e dediquei a ele a leitura de O Guardador de Rebanhos (V). Gosto do Pessoa nas pessoas. Há metafísica bastante em não pensar em nada e se encantar com Pessoa.

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